Friday, September 22, 2006

O Novo

“O calejar dos pés...
...Viagem, bagagem.
Um lago logo após a longa estrada”.

O galo anunciou.
Os ponteiros travam.
Travam o lápis e a grafite
No clarear da aurora nova.

Um novo amor
É um amor novo,
É vôo de ex-larva.

A novidade veio calada, quieta.
Conseguinte, na nova idade,
Veio o pombo lerdo,
De asas curtas em vôo preso.

Trouxe-me um novo amor.
Trouxe-me o correio,
Um novo amor
E não um amor novo.

De novo eu, um menino.
“Na travessia do rio à outra margem.
Tanto faz,
A água continua fluente”.

E é insistente a tal vida.
Ou eu quem sou desistente?
Mas a cada soco me multiplico
E faço a mala para a viagem.

Já é tarde.
Imagens foscas, neblina,
E penumbra no crepúsculo ainda.

É o ponteiro parado.
É o novo amor,
Velho,
O velho amor.

E o calejar dos pés...
...Viagem, bagagem.
Um lago logo após a longa estrada.

1 comment:

Anonymous said...

É bom ver que ainda há bons poetas pelo mundo, que pensam, sentem, escolhem as palavras e tocam seus sentidos.

paz,
muito bom